Em uma das aulas sobre o dogma da Igreja, acredito que falava a respeito da natureza da redenção de Cristo, eu mencionei a necessidade de se conhecer, com exatidão, todas as peculiaridades doutrinais e morais das igrejas reformadas e luteranas. É um erro, além de uma imprudência, afirmar que luteranos creem numa expiação limitada (no sentido de ser limitada aos eleitos), ou que, por exemplo, calvinistas creem que o batismo seja necessário à salvação. Houve uma certa comoção geral. Pareceu-me que o pensamento de católicos lerem documentos protestantes era inaceitável, algo cujo efeito era uma excomunhão automática.
Este parece ser o quadro geral do católico brasileiro, com gloriosas exceções. Entre estas, além daqueles que tenho uma dívida de gratidão eterna, como o Olavo de Carvalho, o Carlos Nougué e o Padre Paulo Ricardo, há o exemplo primoroso do Rafael Vitola Brodbeck. E diga-se o mesmo do meio protestante brasileiro, com suas exceções. Há uma ignorância completa das diferenças doutrinais entre católicos e protestantes (luteranos, reformados, anglicanos, etc.), conforme expressas em seus documentos confessionais.
O resultado disto é muito simples: não há um debate sério sobre o dogma neste país. É um debate estéril, batendo-se em espantalhos. Católicos chocam-se quando vêem luteranos com imagens sacras em seus templos. Luteranos acusam católicos de não crerem na salvação pela fé. Há muitos outros exemplos que demonstram aquele resultado, alguns vistos aqui.
O problema desta ignorância está no fato de que os princípios do protestantismo nasceram em oposição ao dogma católico, de modo que se não se conhece, em profundidade e verdadeiramente, a tese católica e, da mesma forma, a antítese protestante (luterana, reformada, etc.), jamais aqueles princípios serão entendidos e devidamente apreciados, além de que jamais a luz da doutrina católica será manifestada em todo seu esplendor. É nesta visão comparativa que se delimita o que as partes concordam e se define o caminho para um debate frutífero e sério. É a respeito disto que quero contribuir neste apostolado.
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