Há uns anos uma jovem universitária me questionou (dentre outras coisas): “1. O que é viver a castidade?; 2. Num tempo em que há uma maior liberdade sexual, principalmente entre os jovens, por que viver a castidade e não fazer sexo? O que o levou a tomar esta decisão? Quando você decidiu viver a castidade?”. Ela era a responsável pela edição do jornal do seu curso e estava produzindo uma matéria a respeito das razões que levavam pessoas a optar, por exemplo, a esperar pelo casamento para poder ter relações sexuais. As duas respostas que dei para essas perguntas, à época, foram as que se seguem (com quase nenhuma alteração):
“1. Antes de dizer como é viver a Castidade, gostaria de defini-la: “significa a integração da sexualidade na pessoa. Inclui a aprendizagem do domínio pessoal” (Catecismo da Igreja Católica – doravante CIC – número 2395). Ainda que nas próximas perguntas eu hei de me delongar mais, nesse momento gostaria tão somente de dizer que é uma glória. Ainda mais, uma coroa triunfal. Me refiro a frase de São Josemaria Escrivá: “Quando te decidires com firmeza a ter vida limpa, a castidade não será para ti um fardo; será coroa triunfal”. Posso testemunhar: é a única guerra em que morrer (para si mesmo) é certeza de triunfo e alegria incomensurável.
2. São três perguntas dentro de um mesmo número. Vamos por partes.
2.1. São várias razões. Resumirei. Uma das razões é possível – indiretamente – se retirar da própria pergunta em si, quando diz: “por que viver a castidade e não fazer sexo?”. “Fazer sexo”. Infelizmente, hoje, de modo particular devido aos métodos anticoncepcionais, o homem deixou de ver a mulher como sua companheira, amada, estimada, respeitada. Tornou-a mero objeto de prazer sexual egoísta, sem o mínimo respeito e preocupação com seu equilíbrio psicológico e físico. De fato, se eu quero “fazer sexo”, basta fazer. Afinal, se nem as mulheres mais se veem como esse ícone de suma beleza e imponência, envolto em sumo mistério e esplendor, tão somente permitido que se retire o véu que encobre tamanha profundeza de graça e amor àquele que decididamente há de se entregar a ela em amor humano, total, fiel, exclusivo e fecundo, quanto mais os homens as verão assim. Não é por menos que a infidelidade conjugal e a degradação moral “corram soltas” nos nossos tempos.
Uma razão que anda como que de mãos dadas com essa supracitada reside no fato de não ser possível – sem causar tamanha desordem moral – separar o ato conjugal de seu significado unitivo e procriativo. Ora, o ato conjugal ao mesmo tempo em que une em profundo amor os esposos, deixa-os abertos para a geração de uma nova vida. Isso está presente na própria realidade dos fatos. Querer separar um de outro é tão absurdo quanto alguém dizer: “Irei apenas sentir o gosto daquele chocolate. Irei desconectar do meu ato de ‘comer chocolate’ a nutrição. Irei comer sentindo só o gosto. Nada de nutrição!”. É um absurdo. Sendo assim, dado que o “fazer sexo” leva em conta, também, uma separação entre a prociação e a união, visando apenas o prazer pelo prazer, é um absurdo.
Uma nova razão é que, se quero ser justo com minha companheira, se hei de proceder a um ato (relação sexual) que pode vir a ter consequências eternas (uma criança) – vale lembrar que os tão difundidos métodos de regulação artificial da natalidade não são 100% eficazes – eu necessariamente preciso ter um relação com minha companheira que seja eterna. Se quero ser justo, a justiça exige isso. Ora, tão somente o matrimônio é essa relação eterna que permite a procedência a um ato que tem a possibilidade de ter consequências eternas.
Além disso, a castidade me permite amar com um amor reto e indiviso. Sendo ela comandada pela virtude da temperança (que faz depender da razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana – CIC, 2341), posso dominar minhas paixões, sendo levado a amar alguém por decisão firme e convicção pessoal e não pela força de um impulso interno, cego ou por mera coação externa.
Finalizando o resumo, mas não menos importante, por que sendo católico, devo obedecer a Madre Igreja que – sendo mestra da verdade (1 Tm 3,15) – me ensina a não ter relações antes do casamento.
2.2. Para ser sincero, eu somente vim a ter noção dessas razões bem depois. Algo similar a frase de Santo Agostinho: “Não queiras entender para crer; crê para que possas entender. Se não crês, não entenderás”. De fato, nada disso que foi dito eu tinha em mente. Só depois que, estudando e vivendo a castidade, pude ir crescendo em compreensão (e em amor pelas duas últimas razões, em especial). O que me levou, literalmente, foi Deus.
2.3. Pois bem, foi depois que eu me converti de “católico” para católico. Acho que já fazem uns 3 anos ou muito perto disso.”
Louvado seja Deus. O amor realmente nos ensina tudo. Obrigado meu amigo por sempre nos formar.